quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Porque soy de los que se llevan la lluvia

     Raro. Em Espanhol mesmo. Única palavra que eu encontro pra descrever o que passou nesses últimos dois meses. Esta vai ser uma tentativa de catch up com tudo que aconteceu e, quem sabe, refletir na minha confusão interna. First things first...
      Três dias antes de vir para o colégio, fui para Bogotá, visitar a Valentina, minha segundo ano. Estar em um intermédio entre Costa Rica e Brasil me trouxe uma calma na alma. Algo difícil de explicar. O Português me falha e as palavras não parecem fluir naturalmente. Enfim... conheci e me apaixonei pela capital colombiana. Tudo me parecia uma mistura de Brasil, oeste Europeu e, em horas, EUA. Talvez foi o pôr-do-sol e o canelazo no topo do Monserrate, ou a conversa, ajiaco e comida árabe com Valen, sua mãe e Gabriel (Colômbia - meu terceiro ano). Mas algo naquela cidade criou um sentimento de conforto. 
     Poucas semanas antes de viajar, a Avianca me ligou informando que meu voo pra Costa Rica tinha sido cancelado e me rearranjaram (pode isso, produção?) outro sete horas depois. Nenhum problema. Achei que viajaria sozinho, quando, de repente, escuto "Pietro?!". JuanSe (Colômbia) estava no mesmo voo e não sabia. Os encontros continuaram quando, na fila para a imigração, Nishmed (México) e, na retirada de bagagem (baggage claim?), Maia (Barbados), Kayleigh (Barbados) e Mahmoud (Sudão) se juntaram a nós. A umidade do país trazia, ao mesmo tempo, uma sensação de frescor e peso. 
     Cheguei no campus e, instantaneamente, fui para Cahuita. Não me lembro de todos que vi, mas lembro da sensação de estar de volta em casa. Resolvi, então, ir para Montezuma. JD não estava, então fui buscar as chaves de meu novo quarto (Montezuma #5) com sua esposa. Sentei na minha cama e fiquei, maravilhado, olhando o quadrado residencial pela janela.  Uma das maiores felicidades ao saber que meu quarto era no andar de cima, além de não ter a mão atacada pelo ventilador toda semana, era a vista que eu tenho do campus.
      Os quatro dias antes dos primeiros anos chegarem foram incríveis. Frisbee, Amigos, rum, sleepovers, conversas, choros e risadas. Era como se nunca tivéssemos deixado esse lugar. And so they came... Minha buddy, Ailen (Paraguai) foi uma dos primeiros firsties a chegar. Assim como quando cheguei no meu primeiro ano, arrastei-a pro fruit market onde comemos pupusas. Meus colegas de quarto - Dustin (Suiça/São Cristovão e Neves) e Federico (Argentina) - chegaram poucas horas depois.
      Era estranho ter os primeiros anos aqui. Não porque eles "estão tomando o lugar dos nossos segundos anos", mas porque eles pareciam tão self-sufficient que fez com que os primeiros dias tivessem um pouco de distinção entre as gerações: eles e nós. Isso durou um certo tempo, mas agora, existem mais intersecções e nos damos bem. Como todo segundo ano, tive meus momentos de ódio, onde só queria que eles fossem embora. Em horas, parece que eles não tem o mesmo respeito que tínhamos com nossos segundos anos ou com esse lugar. Acho que a conexão emocional é algo que ainda está por vir.
     Especialmente no UWCCR, temos a cultura de passdowns, coisas que nossos segundos anos nos dão. Passdowns vão desde danças, eventos, objetos até títulos, ações e livros. Logo na semana de orientação, tivemos dois shows onde apresentamos grande parte deles. Também: raro. Tantas danças associadas com certas pessoas  sendo feitas por outras. Não sei. Algo muito pessoal que não vale os caracteres, não é possível entender se não está aqui.
     Dentre esse ultimo mês e meio, muitas coisas me tiraram do eixo. Mudanças nas regras do colégio tornaram esse lugar, muitas vezes, em uma prisão onde falta confiança e comunicação entre estudantes e administração. Como sempre, me envolvi em tantas coisas quanto pude, resultado: fui camp leader, sou diretor do musical, vice-presidente do conselho estudantil, chefe da equipe de mídia da MUN e parte do time organizador do TEDx. Muitas coisas e pouco tempo. Clássico problema de um UWCer. Acrescente também a pressão do IB e o processo de inscrição para universidades (tomei a decisão de ir pros EUA em um liberal arts college). Me encontro muitas vezes na beira de um breakdown. Ás vezes me acalma deitar em Cahuita #6, ás vezes só me estressa mais.
     Como disse: raro. O lugar não é o mesmo, as pessoas não são as mesmas e eu não sou o mesmo. O problema é que meu cérebro não está muito afim de processar isso de uma vez e, cá estou, struggling com diversas coisas. Mas, como diz meu IB Buddy: "chilly days ahead". Lentamente as coisas vão fazendo sentido e tomando lugar. Incluso eu. Sei lá...

quinta-feira, 24 de julho de 2014

In the morning I'll be with you, but it will be a different kind

     Tudo entre o Passdown Show e a decolagem do avião não foi inteiramente processado pela minha mente. A quantidade de emoções (e álcool) envolvidas tornaria a tentativa um tanto quanto pífia. Pouco a pouco vou entendendo que muitas das coisas do "mundo real" não se aplicam à bolha que vivo. Minhas semanas de mau humor e cansaço foram instantaneamente convertidas a nostalgia quando, entre uma das deliciosas risadas da Kelly (Botsuana) e o refrão de "Piano Man", fruto do show surpresa dos professores na cafeteria, tudo "fell  into place" e uma vontade de ficar lá para sempre me dominou. Pequenas surpresas iam fazendo meus dias. O presente da Robin (Holanda), o cochilo em Flamingo #6 ou o almoço no gramado com Dilly (País de Gales) e Isaac (EUA - professor de E. Systems). Não havia IB, preocupações ou stress. Nosso único problema eram os poucos dias que restavam.
      Eu ia recontar o resto dos momentos que antecederam a volta para o Brasil e como tudo fluía naturalmente, mas parei aqui e decidi que não o faria. Por enquanto, ao menos... Sempre há aquela memória que você quer só para você. Pra mim, essa memória é a eternidade do passado que não volta mais, mas que também não deixo ir a lugar nenhum. Está tudo gravado em mim em algum lugar entre a pele e a alma.

sábado, 14 de junho de 2014

Meeting again

A man who had not seen Mr. K. for a long time greeted him with the words: "You haven't changed a bit" "Oh!" said Mr. K. and turned pale.

- Bertold Brecht



Sobre os dois últimos poemas: ás vezes, as palavras que mais expressam o que sinto não são as minhas...

sábado, 7 de junho de 2014

Soneto da relação

"tão felizes
que parecem se odiar
tão tristes
que não conseguem ficar um sem o outro

tão sozinhos
que parecem só sonhar
tão juntos
que não importa a distância, nem um pouco

talvez por um triz
escape da dor
de ser amigo

agora me diz
qual história de amor
faz sentido?"

- Kleber Moonfeel

segunda-feira, 2 de junho de 2014

I'm in a strange state of mind

     Provas. Virose coletiva no campus. Três sick-days. Terceiros anos aparecendo em todos os lugares. Término de provas. Feria Verde. Passiflora. Calle 13. Group 4 project. Outing. Último open mic/Evening Cafe do ano. Outro outing. Passdown show. Graduation. Ônibus. Avião. A grande maioria deles regado de álcool e/ou choro. Ao reler (?) o blog de uma quinto-ano, me deparei com a seguinte frase "where days feel like weeks and weeks feel like days", usada sabiamente para descrever a vida no UWC Costa Rica. Essas duas semanas passaram rápidas como uma hora, mas carregavam intensidades de algo cercano (já não sei se estou falando Português ou Espanhol, ou até mesmo os dois misturados com Inglês) de vinte. Em geral, acho que assim também se passou o (quase) ano. Tão rápido, mas tão cheio. 
      Percebi que minha percepção do mundo não se baseia em tempo. Bom, até certo ponto. Começo a lembrar dos momentos, mas não dos dias. Debato em minha mente se foi numa segunda-feira ou se, na verdade, foi naquela quinta-feira, porque choveu e eu lembro do meu all star estar cheio de lama. Guardo lembranças desse (ou daquele, já que estou no Brasil) lugar naquela sacola de papel verde. Uma semente pra recordar da saída de E. Systems. O lacre do vinho do October Break. O permiso de primeiro de Maio, em que, assim como todos os outros permisos, digo que vou pro Cachi. A bandeirinha da Imperial, taken com muita coragem pós-tequila. O bilhete de ônibus da Service Week. O lacre de mala da "Turtle trip". As mulheres de Marcela. O bilhete de André. O estúpido pedaço de madeira daquele dia com o pôr-do-sol no hill, só não mais estúpido que a moeda de 5 colones que os caixas do Pali insistem em dar. Todos eles ocupam minha atual parede. A foto polaroid antiga de família, localizada ao lado do cartão-postal do ano é a única coisa do Brasil. Todo o resto são pequenos pedacinhos de gente que eu amo, de lugares que eu amo. Pequenos pedacinhos de casa. 

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Poema de dois versos

Um abraço e uma garrafa de tequila
O simples desejo de coisas tão complexas

Darte un beso de desayuno

     É como quando temos aquele sonho em que estamos caindo. A fração de segundo entre o sonho e a realização de que a queda livre é produto de uma mente cansada. É ali que me encontro. Quando penso em Agosto e como tomava como garantia os infinitos nove meses que o seguiriam, ignorando fortemente os conselhos que julgava superestimados de como o tempo passa rápido aqui no UWC. Parece que isso foi ontem e, estranhamente, ao mesmo tempo, que fazem eras. Nove meses que valem quanto? Um ano? Dois? Três? Dez? Cem? 
   Só sei que agora são 1:40 da manhã e eu deveria estar dormindo. Não há queda livre que possa ser impedida. O contato com o chão é iminente. Resta tentar amortecer a queda.



Fragmentos de algum compartimento do meu cérebro que foi super-utilizado no paper 1 de Psychology

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Heads on a science apart

Fechei o facebook. Peguei os fones de ouvido e o iPod e fui em direção à porta. Prestes a sair, notei que não tinha bateria. "Merda". Coloquei-o pra carregar. Ainda assim, resolvi sair munido com os fones de ouvido. Meu entra-e-sai do quarto acordou a colega de quarto, que, num momento confortante, nostálgico e apreciável, dormia, emaranhada entre os lençóis, com o colega de quarto. Alguns passos e Marcela. Uma conversa sem palavras. Seguimos nosso rumo. Fiz um desvio pelo caminho do anfiteatro. Ignorei uma pergunta feita a mim devido aos fones de ouvido que ecoavam silêncio e encontrei a cafeteria acessa com o night snack. Roubei alguns biscoitos e continuei pelo caminho. Algumas voltas silenciosas (fora de minha cabeça, ao menos) até que julguei que o iPod teria bateria suficiente. Mais algumas voltas. Deitei na mesa de pedra gelada e úmida entre Mal País e Montezuma. Olhei as poucas estrelas que superavam a luz do poste. Finalmente encontrei silêncio. Dentro e fora de mim. Um pequeno sinal de paz em meses de guerra.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Tudo parece... extraño. Me extraño. Te extraño.

     Tudo parece... estranho. Os sentimentos de despedida se confundem com os de ausência. Minha insistência em celebrar sua vida ao invés de notar sua falta se torna, muitas vezes, falha e cansativa. Sua vida está espalhada pelo campus, em cada um dos sorrisos, nos sinos de vento em sua árvore, nas flores de giz e em sua nova árvore, mas assim está sua ausência. Nos gritos que, de longe, ecoam tão altos que não há por onde (ou para onde) correr e no vento frio que arrepiava minha nuca. Mas também no silêncio, tão alto quanto todos os gritos e choros. Não menos pior.
     Ainda não sei como me sentir sobre a chegada da estação chuvosa. Parece algo tão trivial: ou chove ou não chove. Isso é o clima da Costa Rica. Mas algo sobre os gramados secos e a falta de vida no campus pede pela chuva. Nem que por apenas um mês.


"Are you ok?"
"Honestly, no"
"I noticed you've been sad for the past days"
"Well, I've been sad for the past two months"

sábado, 19 de abril de 2014

Blue skies from pain

     Depois de meses sem chuva, nuvens se formavam e uma garoa ponderava cair. Caminhava em passos rápidos, tentando equilibrar as peças de arte e meu computador em uma mão. Parei em frente de sua árvore, justamente quando começou a ventar. Coloquei minhas coisas no chão e deitei no banco de cimento. Sentia a garoa caindo em meu rosto e o vento passando pela minha recém-raspada cabeça. Lhe perguntei algo, não houve resposta. Havia o vento e o barulho dos sinos-de-vento, caneca e pedaços de vidro que, pendurados na árvore, respondiam por ele. Sorri. Levantei e continuei caminhando. De alguma forma, ele ainda está aqui. 

terça-feira, 18 de março de 2014

Lembro e esqueço como foi o dia

     Discutia coisas triviais (ou não tão triviais assim, mas como não lembro o que, assumo que sejam triviais) em Cahuita #5 com Alice (Irlanda), Valeria (Espanha/Moldávia), Vitória (Brasil) e Vilde (Noruega), quando Chamas (Líbano) entrou no quarto e disse "Tim Tam Slam in 15 minutes. Room 9" e saiu. Lembrei do meu primeiro Slam e de que perdi o segundo. Enquanto Valéria e Alice falavam da diferença dos Slams do ano passado e desse ano, debatia em minha mente se deveria (ou queria) ir ou não. Acabei decidindo que sim. Passei em Hermosa para buscar Margot (Holanda), que já estava pronta pra ir. Passei cinco minutos arrastando convencendo a Lishu (China) a ir. 
     Cheguei na sala de E. Systems (conhecida como Room 9 ou meu lugar favorito no campus), sentei entre Chesca (Costa Rica/Inglaterra) e Amiya (Índia). Combinei com Kate (Nova Zelândia) e Amiya que, assim como no primeiro Slam, íamos juntos. O Slam seguiu como sempre. Não vou descrever o que acontece ou o por quê de acontecer, é algo que fica entre as grades do UWCCR. Enfim, coloquei para fora tudo que sentia e, estranhamente, comecei a me sentir melhor. Já era quase duas da manhã e, eventualmente, não resistia ao sono e dormia. Por sorte, ouvi a vez de Heankel (México, estudante do UWC-USA visitando o colégio) dizendo: "thanks for showing me how an UWC should be". Nunca me senti tão feliz, e deveras orgulhoso, por fazer parte do United World College Costa Rica. 
    Depois de duas horas, o Slam acabou. Abracei e agradeci Amanda (Espanha) e Chamas pelo perfect timing desse Slam. Paramos na frente da greenhouse e conversamos eu, Nikolaj (Alemanha), Amiya, Indi (Costa Rica) e Alison (Inglaterra), após um abraço coletivo que durou um certo minuto, decidimos ver as estrelas no roof, mas, enquanto ajudava Indi e Nicole (Suíça) a subirem no telhado, o guarda chegou e tivemos que abortar a missão. Me encontrei feliz e rindo quando, entusiasmada, Indi proclamava "Let's pee in the bush!" ou "Guys! Let's see the sunrise!". Paramos em frente ao Social Center, discutimos sobre a vida e as estrelas. Até que era hora de dormir.

Choose your weapon. Arm your weapon. Air check. 3. 2. 1. Slam.

terça-feira, 11 de março de 2014

Hobbys Yards, New South Wales

Noite de sábado. Pão de queijo. Wikipedia race. Cahuita. Piolho. Cabo de guerra. "Being a dick". Brasil. Família. 
Esse lugar tem me colocado à prova cada vez mais. Aguento meus malabarismos, mas não sei por quanto tempo.


Pensamentos e palavras soltas vindas de Montezuma common room.

sábado, 1 de março de 2014

¿Qué pasó?

Percebi que faz um tempo que não me/te atualizo sobre o que aconteceu no colégio. Enfim. 

JANEIRO

     Voltei da "Turtle trip" no domingo. Foi estranho ver o campus com gente. Abraços. Saudade matada (existe isso, produção?). Alguns vôos atrasados. E só na quarta-feira estávamos todos de volta. O semestre seguiu como de costume. Alguns trabalhos. Umas provas. Resultados de outros. Continuava estudando para o SAT. Tivemos a famosa Mal País Traffic Light Party, que, sobrecarregada de expectativa, acabou sendo legal, mas nada especial. Amarelo. Amarelo acompanhado de conflito no final da noite. Seguiam os ensaios do musical, se intensificando cada vez mais. O mesmo para os ensaios do TEDx. Fiz o SAT. Saí relativamente tranquilo. Não havia sido o bicho de sete cabeças que esperava, mas também não foi exatamente tranquilo. O sábado seguiu com um Tutor Group meeting na casa da Heidi (Trinidad & Tobago - professora de Economics e tutora), com comida boa e gente boa. Pausa para: passei na frente da casa da presidente da Costa Rica e o quão ridículo é o fato de que fiquei animado com isso. Tivemos o primeiro University Counseling meeting, o que triggered o desespero em achar uma boa universidade e o fato de que o futuro já não está tão distante assim. Como disse antes, me candidatei para vice-presidente do Student Council e, na terça-feira, durante o Community Meeting, rolaram os discursos dos candidatos. Estava super nervoso, dei umas pausas meio estranhas, mas enfim, fui. Durante a janta, tiveram as votações. Estava no ensaio do musical, quando chegou um email dizendo que eu e Khaled (Síria) havíamos sidos os eleitos para vice-presidente e presidente, respectivamente. Quinta, por fim, aconteceu o esperado TEDxUWCCR, um evento TED organizado por alunos do colégio. Umas talks muito boas, outras nem tanto, mas o evento foi super bem organizado e, no geral, com palestrantes muito bons! No mesmo dia, encontrei com a Mari (alumni do Li Po Chun) que veio representar o comitê brasileiro na reunião de comitês nacionais aqui no colégio. Mesma Mari que estava na ante-sala da minha entrevista e a responsável por acalmar e tirar todas as dúvidas da minha mãe :)

FEVEREIRO

     Durante a sexta-feira e sábado, como primeiro dever de vice-presidente, participei da reunião do conselho do UWCCR representando os alunos. Discutimos o Developing Plan do colégio, participação de ex-alunos no colégio, melhorias e a proposta de um modelo educacional. Na semana seguinte, aconteceu a LGBT Week, organizada por meus segundos anos Marcela e André e pelo Bertil (Dinamarca), dentre as atividades, rolou uma conversa com um ex-aluno do colégio, a cerimônia de erguer a bandeira do arco-íris, declarando o colégio uma safe-zone, mini palestras e uma festa. Essa também foi a última semana do segundo trimestre. Sábado fui no Life in Color, um festival de música eletrônica com muita, muita, muita tinta. Foi MUITO bom esquecer do stress do trimestre e sair do campus por um tempo. Por fim, uns dias depois, saíram os resultados do SAT. 1690. Não mal para a primeira vez, mas preciso melhorar bastante o resultado. Por fim, no fim do mês, tivemos a Service Week, onde, com um grupo de pessoas, fui pra uma reserva em Monteverde. Um lugar maravilhoso com vista para o vulcão e lago Arenal, onde construímos uma trilha e tivemos diversas atividades com relação a fauna e flora do lugar.

É isso, que venha Março.

Todo carnaval tem seu fim

     Sentamos no anfiteatro. Costas pressionadas contra a parede fria. Não nos olhávamos. Eu, em particular, observava o gato que, lá longe, no meio do gramado, inquietamente caçava algo. Ventava. Pensei mais uma vez o quão estúpido era que aquela camisa não tivesse botões na manga. Havia algo de inconclusivo na conversa de terça-feira. Havia também algo mais inconclusivo ainda na conversa de quinta-feira. Entre pedidos de desculpas, perguntas e expectativas, notei que usávamos o passado na hora de expressar o que éramos, ou melhor, fomos. A conversa não fluía. Falávamos, mas não saíamos do mesmo círculo. Pedi desculpas.  Ela me pediu um tempo pra entender tudo. Ficamos em silêncio por dez minutos. Me perguntou como estava. Fine. Me pediu pra explicar. Conversamos. Decidimos que já era muito tarde. Caminhou comigo até Montezuma. Good night. Good night

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Monteverde

Se alguém perguntar por mim, diz que dei um tempo do mundo. Fugi pruma floresta de altitude no meio da Costa Rica. Só volto sexta.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

O tempo perguntou pro tempo quanto tempo o tempo tem

Vai chegando o final do segundo trimestre. Alguns segundos anos já foram aceitos em universidades, outros selecionados para entrevistas do outro lado do mundo e uma pequena parte termina seus applications. Também saiu a lista de candidatos convocados pro convívio do processo seletivo do comitê nacional brasileiro. 20 pessoas estão mais perto de, possivelmente, viver e sentir o que eu vivo e sinto agora. E você, meu caro padawan, me pergunta: e eu com isso? Universidades e novos primeiros anos são os indicadores de que o ano está chegando ao fim. Meus segundos anos vão embora e novos primeiros anos vão chegar.
Não é um post longo ou reflexivo, mas um lembrete pessoal pra quando eu reler meu blog ou alguém que ler isso embarcar na mesma aventura de que não é overrated. Ontem eu entrava num micro-ônibus em direção ao campus e parece que amanhã ele me leva de volta ao aeroporto:  o tempo, aqui, voa.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Sobre psicologia, felicidade, Doris e pequenas coisas

     Acordei meio atrasado. Faltavam uns oito minutos pra aula começar. Psychology HL. Ponderando tirar um sick-day, lembrei que tinha duas apresentações e uma atividade por entregar e me encontrei obrigado a ir. Nada na cafeteria me apetitou e segui caminhando para o último bloco das salas de aulas. Por algum golpe de sorte, cheguei junto com a professora e metade de sala ainda não estava lá. Sentei na minha cadeira de praxe e abri o computador. Esperava mais uma aula chata sobre cognitive processes, onde minha participação seria próxima de zero. Após duas horas de aula sobre human relationships, debates e matérias que realmente me interessaram, me encontrei feliz de, mesmo que obrigado, não tirei um sick-day. Math Studies foi como sempre. Já tinha feito a ficha então me distraí desenhando em meu caderno. Por sorte, Norman nos liberou de Teoria del Conocimiento e, como meus dois últimos blocos eram livres, fui estudar para o SAT. 
     Talvez foi o fato de que fazia um dia muito bonito ou de que minha manhã foi tranquila e muito pleasant (tem coisas que precisam ser em Inglês), mas o dia seguiu de uma forma que eu, honestamente, não esperava. As duas horas de Volleyball CAS foram muito boas e, depois de anos, foi extremamente bom jogar vôlei de novo. O dia melhorou quando, correndo, Taisala (Nova Zelândia/Hong Kong) chegou ao frisbee field pra dizer que o line-up completo do Life in Color (um festival que vai ter aqui) tinha saído e não era tão ruim como esperávamos. A notícia que de Calle 13 vem para a Costa Rica exatamente um dia depois da última prova dos primeiros anos parecia mentira. Passar um tempo em Cahuita foi outro ponto alto. Mesmo desistindo dos nossos planos de assistir um filme pra tirar o SAT da cabeça, eu e Amiya (Índia) conversamos e, juntos, trocamos expectativas, falamos de universidade e rimos bastante. Fui dormir cedo sem esforço. O dia foi tão pacífico que terminou comigo dizendo que, se as coisas estavam tão boas e calmas, coisas ruins estavam por vim e Sábado seria um desastre. Não foi.
      Acordei às seis da manhã, tomei um café-da-manhã com a Amiya na mesa entre Montezuma e Mal País. Me despedi de quem ia pro Hatchet. Fiz o SAT, que, surpreendentemente, não foi tão estressante mas também não deve ter me garantido uma nota muito boa. Visitei Heidi (minha tutora e professora de Economics) com o tutor group. Assisti o final ensaio do TEDx, o que só me deixou mais animado pra quinta-feira que vem. Por fim, de noite, fui com Amiya, Dilly (País de Gales), Robin (Holanda), Vitória (Brasil), Lucas (Inglaterra) e Sebastian (Costa Rica) para a Doris, um restaurante super chique duas quadras do colégio. Encontramos Vilde (Noruega), Becca (EUA) e Molly (EUA) e ficamos na área externa do restaurante, tomando uns bons drinks, comendo pão e uma sobremesa. Foi ali que percebi o quão bom meu fim de semana tinha sido. Não estávamos preocupados com academics, na verdade, não estávamos preocupados com nada. Sentamos e conversamos. Fizemos planos para o fim de semana que vem. Rimos. Rimos MUITO. Um copo quebrado, dois pães e alguns drinks depois, decidimos voltar pro campus. Fui até Cahuita #5 escrever meu discurso pra vice-presidente do Student Council (é, vou concorrer). Conversei e fui dormir. Intenso, cansativo e extremamente delicioso. Foi assim que pude definir sábado enquanto estava deitado na minha cama.
      Hoje não fiz nada. Procrastinei umas horas na cama. Almocei com Fabiha (Zâmbia) e Alison (Inglaterra), que tinham acabado de voltar do Hatchet, lavei minhas roupas, arrumei o quarto, fiquei de bobeira com a Amy (Canadá) e, por fim, sentei na mesa entre Cahuita e a administração com Margot (Holanda), Clara (Chile/Holanda), Eleanor (Holanda) e Vitória pra esperar a chegada da nova aluna que vem do UWC Mostar, Chiara (Austria). Certos incidentes que renderam boas risadas e meia hora de espera, mas ela chegou. Mostramos o campus, tive reunião do Set Design do musical, meu ensaio do mesmo musical foi cancelado e daqui a pouco vou ter um momento brasileiro com direito a pão de queijo e cookie. 
     Trivial e até mesmo besta podem descrever esse fim de semana. Peço desculpas se você, leitor(a) esperava um post significativo sobre como UWCCR está me mudando e como eu estou vivendo mil aventuras. Essas 72 horas tiveram um significado tão pessoal e delicioso que precisei escrever aqui. Não quero e não pretendo esquecer esse fim de semana que, para mim, valeu mais que um mês inteiro. O que faz uma memória UWC não são a grandes coisas, mas sim as pequenas que a formam. Um jantar, uma aula, um jogo de vôlei e notícias boas foram o suficiente para fazer esse brasileiro magrelo feliz. Muito feliz.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Sambinha bom é esse que te traz de volta

     Volta às aulas, duas provas, três idas à enfermaria, um pequeno terremoto, uma festa e seu péssimo timing, quatro DRs, uma Written Task, SAT no sábado, cinco professores indo embora, uma nova aluna por chegar e um RA perdendo o posto. Duas semanas. Nunca algo foi tão intenso e tão rápido quanto a vida nesse colégio. E é bom estar de volta à casa. Não o campus em si, mas sim as 200 pessoas que o fazem tão... tão.
     Não há casa se não há alguém por quem voltar. 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

"This log. Our log."

     Depois de seis horas num ônibus as expectativas pra noite de ano novo se mantinham as mesmas. Iríamos os dez para uma praia qualquer, veríamos as estrelas, ouviríamos música e, à meia-noite, nos abraçaríamos, faríamos tradições dos respectivos países e assim, de um minuto para o outro, seria um novo ano. Algumas tentativas falhas de ir para uma praia mais movimentada 40 minutos de onde estávamos. Nos contentamos em ficar por lá mesmo. Alguns tentavam arrumar as redes anti-mosquito de suas camas quando alguém disse que era hora de irmos pra praia. No completo breu, seguimos a pequena trilha de cascalho até a praia. A falta da lua foi compensada pela infinidade de estrelas no céu e seu reflexo na água, que, juntos, nos serviam de única fonte de luz.
     Continuamos deitados por quarenta minutos. Conversávamos sobre o ano que passou: vida acadêmica, vida residencial, vida pessoal. Expectativas do ano que vinha e as clássicas (e superestimadas) "New Year's resolutions". Percebi que não tinha nenhuma e confesso que demorei cerca de dez minutos para estabelecer a primeira.  Muito devido ao fato de que, para mim, 2013 ainda era um borrão de informação e acontecimentos. Devido também a minha insistência de que a mudança de ano não significa mudança de caráter. Estranhamente, encontrei conforto nas minhas resoluções. Encontrei conforto também nas outras nove (e logo seriam onze) pessoas que compartilhavam a visão mais bonita que tive na Costa Rica. Lembro-me de, literalmente, cair o queixo quando, numa felicidade extrema, Karen (Colômbia) disse que era possível ver a Via Láctea.
     Sendo eu o responsável pelo relógio e a contagem regressiva, me encontrava olhando o relógio do iPod constantemente. 25, 20, 15, dez, cinco. Alguns se levantam e começam a compartilhar suas resoluções definitivas. Três. Todos de pé. Alguns dando o último shot de 2013, outros compartilhando os pontos altos do ano. Dois. Algumas tradições de ano novo dos respectivos países são colocadas em prática. Um. Garrafa de champagne na mão, todos estavam reunidos em um circulo ao redor do relógio. Zero. Abraços. Sorrisos. "Happy new year". "Feliz año nuevo". "Feliz ano novo". Enquanto Júpiter, previamente confundido com uma estrela extremamente brilhante, iluminava a praia. O brilho estava em cada um de nós. Risadas. Sorrisos. Pular sete ondas. Mais abraços. Era como se lá, repentinamente, criássemos nossas próprias tradições. Era algo que só nós dez saberíamos fazer novamente.
      Alguns goles de champagne e rum depois, a caixa de som já estava sem bateria e nós, já calmos, deitados, apreciávamos mais uma vez a beleza das estrelas naquela noite em especial. Resolvemos conversar. Traçamos nossa "história" (não encontro a expressão certa) desde a primeira vez que notamos um ao outro no campus, passando por as duas noites e suas consequências conturbadas, a falta de comunicação durante Outubro até chegarmos onde estávamos. Me encontrei novamente me contrariando ao confiar que novos anos equivalem a novos começos: concordamos que tudo o que aconteceu em 2013, ficaria em 2013. Brindamos. "So, what is this?". Não soube responder. Ela também não. Sorrimos e continuamos a conversar até que, duas horas depois, era o ano novo em seu país. Já era tarde e acordaríamos cedo.
     Assim se passaram as primeiras horas que procederam e começaram 2014.