segunda-feira, 25 de novembro de 2013

La espina dorsal del planeta es mi cordillera

    O ensaio do ato latino pro First Year Show começou estranho. Todo mundo meio envergonhado e travado. Um ou outra tomaram a liderança e foi indo. Até chegar na metade da dança, quando o stress já dominava metade da sala 9, minha sala favorita do campus. Entre um passo de Limbo e outro de Choque, íamos nos acalmando e o clima começou a ficar mais amigável. Faltando 20 minutos pro fim do jantar resolvemos encerrar lá mesmo.
    Saímos, no grupo, em direção à cafeteria. Alguns chineses e mais três, talvez quatro pessoas, também estavam lá. Seria um jantar como qualquer outro. Fico feliz que não foi. Fomos nos acumulando na mesma mesa. Onde cabiam 8 estavam 18. Conversas em Espanhol (e, até um pouquinho de Portunhol, confesso) dominavam a cafeteria. Então, barulhentos como somos, começamos a cantar. Calle 13, Juanes, Shakira, entres outros. Sugeri uma música em Português e obtive a resposta de "Cállate, brasileño!" (só na zoera) da Clara (Chile/Holanda) e, instantaneamente, respondi "Cállate, europea". No canto do olho vi um espanhol de perdendo o sorriso do rosto. Não entendo porque os espanhóis são considerados latinos, mas... Acabamos por cantar "Ai se eu te pego" e "Oração". Entre sorrisos, risadas e cantorias, passaram-se 40 minutos. Se não tivéssemos lições, trabalhos e reuniões, ficávamos mais 40. 
    Narrando assim parece um momento bobo, até mesmo babaca. Para mim, foi um dos momentos mais bonitos e gostosos que passei aqui no UWCCR até agora. Nunca me considerei latino-latino, até mesmo mais europeu que latino #sddsSofia. Não esperava nem passar muito tempo com os latinos aqui no colégio. Erro meu. Não existe grupo cultural mais maravilhoso que a família latino-americana. Cada dia me apaixono mais e mais por essas 19 pessoas incríveis que eu tive a sorte de conhecer. E assim vai o UWC, me fazendo aprender mais sobre os outros e sobre mim mesmo. Fico feliz em acabar o post afirmando que nunca fui tão latino quanto agora e isso me trás uma felicidade imensa.


"Soy lo que me enseño mi padre, el que no quiere a su patria, no quiere su madre. Soy América Latina, un pueblo sin piernas, pero que camina."


terça-feira, 12 de novembro de 2013

Quedarme

"Acabou o primeiro trimestre". Foi assim que a ficha, que há meses não caia, caiu. Entre uma prova e outra deixava minha cabeça pesar no travesseiro e refletir sobre esses últimos dois (quase três) meses. Reflexão que durava dois minutos até lembrar de que tinha um trabalho ou lição de casa. Procrastinava um pouco com eles. Fazia o mesmo com meus pensamentos. "Daqui a pouco eu lido com eles". Clássica tendência minha. Arrumava a cama, o quarto e meu guarda-roupas. Abria as estúpidas cortinas verdes de Montezuma na procura de alguma luz. Só para ter meu colega de quarto reclamando que queria dormir e estava muito claro. Uma breve discussão sobre como ele troca o dia pela noite (que não leva a nada).
O dia-a-dia se mistura com rotina. E eu odeio rotina. Vou chegar na cafeteria 5 minutos antes das aulas começarem e insistir que dá tempo de esperar na fila pra pegar comida, fazer um chá e ir pra sala. O que geralmente resulta num Pietro discretamente correndo para a sala de aula. Vou me preocupar em acordar pra aula de Self-Taught. Sei que a resposta pra "Pollo o carne?" (Frango ou carne? em Espanhol) na voz da linda da Tia Rosi vai ser sempre pollo. Já odiar ir pro CAS. Planejar como eu vou matar Yoga e pensar o quão estúpido foi escolher um CAS de sexta-feira.
Uma tosse infernal. Uma alemã tipicamente mandona e controladora. Mil coisas pra planejar pro First Year Show. Um pequeno estresse acadêmico. Pequenas coisas começam a me irritar. Assim como pequenas coisas começam a me encantar cada vez mais. Uma recompensa acadêmica em forma de 35. Um abraço. Uma frase. Usar calça depois de meses sem. Faltar menos de um mês para eu ver a Sil. Entrar pro cast do musical. Estar aqui.
"Through chaos as it swirls", cada dia que passa o campus fica mais bonito. Culpa da chegada da "dry season". Culpa maior ainda das pessoas que aqui vivem. Dois intensos meses de vivência me fizeram perceber quanta beleza há dentro de certas pessoas (e quanta feiura dentro de outras). Poder andar pelo quadrado residencial e soltar um "Hey" para algumas pessoas que posso chamar de casa e outros "Hey" para rostos que, infelizmente, se tornaram paisagem faz parte da dança que virou meu dia-a-dia. Coreografada em certos aspectos, improvisada em outros. Dou meus passos, sinto o ritmo da música e aproveito. Já que, infelizmente, a música dessa dança só dura dois anos. Me conforto sabendo que essa é só a primeira de muitas danças.

- Te quedas aquí en el break?
- Afortunadamente, sí
- Afortunadamente?
- Por supuesto! No hay ningún lugar donde prefiero estar.



terça-feira, 5 de novembro de 2013

Passam pássaros e aviões

Primeiramente, desculpa por não ter postado tanto. O IB finalmente começou a aparecer e estava (meio que estou) em semana de provas e trabalhos. O 7 em Math Studies é a única nota trimestral que tenho (e o provável 4 em English L&L). Vale lembrar que as notas aqui vão de 1 a 7. Enfim...
Segundamente (eu sei que isso não existe, mas é pra ilustrar a decadência do meu Português aqui), o October Break foi bom. Meio tormentado, mas bom. A casa era maravilhosa, com uma varanda gigante que dava no topo das árvores e era cheia de macacos! A praia era ótima, com um por-do-sol fenomenal (e eu quase me afoguei). Foi bom sair do campus e respirar um pouco sem o curfew ou os quiet times.
Na semana seguinte rolou a MUN. Como disse antes, fui o Lesotho no UN Women. Ticos ricos e (alguns) esnobes não me deram uma ideia muito boa das private schools daqui, mas conheci umas pessoas muito legais e outras que até vão aplicar pra cá! Nossas discussões focaram bastante na educação como base da mudança no comportamento sexista de diversas sociedades e na educação sexual. Houve também dificuldade em adaptar medidas para países mais conversadores (cof Lesotho cof) em que educação sexual não era uma opção. Gostei bastante! No final, acabei ganhando o "prêmio" (?) de melhor delegado no meu comitê :)
Nesse fim de semana aconteceu um evento organizado por alunos chamado 40 Hour Famine, onde você tinha que abir mão de algo por 40 horas. No meu caso, foi falar Inglês e Espanhol e também meu colchão. Ver, falar, comer, um teto, cama e dar opinião foram alguns entre muitas coisas que as pessoas abriram mão. A necessidade de falar e não ser entendido e as dores por todo corpo foram fatores significativos nas minhas 40 horas.

Esse pequeno uptade é só pra não deixar crescer teias de aranha aqui no blog, depois falo mais de como estou e como tá a vida residencial.