segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Ready? Let's roll on to something new

Me encontro em um dos meus lugares favoritos do campus: as mesas no meio do quadrado das residências. Acordei tarde pro café-da-manhã, então só consegui pegar um chá na cafeteria.
Primeiro, os acontecimentos dos últimos dois dias. Quinta, como disse, rolaram os placement tests. Os de Espanhol, Inglês e Matemática foram bem tranquilos. Consegui ficar com Español B HL (mas ainda não sei se vou fazer Espanhol ou self-taught), English Language & Literature HL (resolvi fazer English B HL, porque me identifiquei mais com o curso e a professora é linda) e Mathematics HL (consegui 22 de 25 pontos na prova! Mesmo assim, não sou louco de pegar Maths HL e fiquei com Maths SL). Já o placement test de Visual Arts, bom, nunca desenhei bem, mas a sorte era que o desenho era só uma das cinco questões. Aparentemente as quatro das questões e o meu portfólio chocho funcionaram e consegui entrar em Visual Arts HL!
Sexta, o dia começou com duas "palestras". Uma foi do cara do IT (informática) e outro do Student Council. Nos reunimos com nossos tutores para escolhermos nossas matérias. Fiquei com: Self-taught Portuguese SL, English B HL, Psychology HL, E. Systems SL, Mathematics SL e Visual Arts HL. HL e SL são duas "divisões" de aula no IB, não é que HL (Higher Level) seja mais difícil que SL (Standart Level), a diferença é que possui mais carga horária, portanto, mais matérias. De tarde tivemos uma palestra sobre o Competencies Project, que não entendi pra que serve porque dormi no meio. De noite, rolou um negócio bem legal chamado Open House, onde os alunos passam nas casas dos staffs/professores que moram no campus e comem uma coisinha.  Resolvemos ir no Estribo's, um sports bar perto do colégio, só que, chegando lá, os professores tiveram a mesma ideia.
Sábado não fiz nada demais, fiquei no campus conversando. Resolvemos ir, de novo, no Estribo's, dessa vez sem professores. Foi bem legal. Joguei pebolim, basquete e sinuca. Ri bastante. Voltei pro colégio e fiquei conversando até as 4:30 com Sebastian (Costa Rica), Maia (Barbados) e Alison (Reino Unido). Quando fui dormir, Taisala (Nova Zelândia) estava dormindo na minha cama, então fui dormir em Cahuita.
Domingo fez uma semana que eu estou aqui. Parece bem mais. Fui na feira de frutas. Comprei morango e amoras, ambos consumidos com voracidade e muito leite condensado. De noite rolou o Pass Down Show, onde os second years apresentaram várias danças ou cantaram. Rolou uma pseudo-festa depois.
Estou muito feliz. Apesar de que, em alguns momentos, a solidão também bate, mesmo estando em um lugar tão cheio de gente. É comum se sentir "out of place", mas isso acaba logo.



quinta-feira, 22 de agosto de 2013

400 metros norte de la iglesia catolica de Santa Ana

Chegamos em San José por volta das nove. Fomos recepcionados por Maria Laura (Equador), Gaía (México), Jennifer (Costa Rica), Elisa (El Salvador) e Xintong (Hong Kong). Esperamos uns dez minutinhos para a chegada do meu co-ano Gabriel (Guatemala). Na van do colégio, era possível ver as montanhas que cercam Santa Ana e uma quantidade um tanto quanto grande de fast-foods estadunidenses.
Foi incrivelmente maravilhosa a sensação de entrar no campus e ver meus e outros seconds tão animados com nossa chegada. Conheci meus roommates Ali (Iraque) e Max (Alasca). Meu quarto é o #1 em Montezuma. São sete residências: três masculinas (Mal País, Montezuma e Tortuguero) e quatro femininas (Cahuita, El Coco, Flamingo e Hermosa).  Logo em seguida, saímos para a tradicional feira de frutas de Santa Ana: eu, Evan (Canadá), Julian (EUA/Itália), Marcela (Brasil), Emma (EUA), Amiya (Índia), André (Brasil) e Vit (Brasil). Apesar da confusão de firsties chegando e novidades por todo lado, o dia foi bem tranquilo e super legal.
No dia seguinte, fomos logo cedinho para a cidade tomar smoothies (muitas pessoas para colocar o nome de cada). Almocei fora num restaurante chamado Taco Bar. Uma coisa engraçada: os endereços aqui são muito estranhos/diferentes. O restaurante por exemplo fica "frente a Mas X Menos" (um supermercado) e o colégio fica "400 metros norte de la iglesia catolica de Santa Ana". De tarde, rolou um jogo de frisbee (não é o que você está pensando. É mais hardcore do que jogar um pratinho de plástico pro ar) que foi interrompido pela chuva, mas logo voltamos a jogar. No fim da tarde fomos eu, Gavin (EUA), Kate (Nova Zelândia/Japão), Mona (Alemanha), Vit (Brasil), Margot (Holanda) e Eleanor (Holanda) até o Mas X Menos (lê-se Mas por menos), um supermercado tipo Wal-mart que tem tudo, até leite condensado! De noite, tivemos umas atividades no social center.
Na terça (20), começaram as palestras. O diretor do colégio, Mauricio,  falou um pouco sobre a escola e o staff. O John, diretor de admissões e conselheiro universitário, falou um pouco. Leila, diretora de vida residencial, falou sobre regras, expectativas e bom, vida residencial. Almocei com meu tutor group e Heidi, minha tutora. O jantar foi diferente. Cada residencia teve um jantar com seus coordenadores na própria residência. Aqui em Montezuma, comemos um tipo de taco/burrito com carne/frango e uns pseudo-nachos que estavam muito bons. Tivemos também umas atividades de integração e sharing. Depois do jantar rolou a famosa Montezuma Party (a primeira festa do ano acadêmico). Foi INSANA e incrivelmente maravilhosa. No aguardo das outras festas de residências para ver se são do mesmo nível da grande Montezuma!
Hoje foi um dia mais acadêmico. O dia começou com uma palestra do David, diretor acadêmico, que apresentou o IB, o esquema de matérias e esse tipo de coisa. Em seguida tivemos a Academic Fair, onde assistimos os professores falando sobre suas matérias e vemos quais mais gostamos. Vi as de English L&L, English B, Self-taught (não entendi nada dessa porque o professor tem um sotaque indiano muito forte e só falou de números, provas e escolhas de livros/gêneros), Environmental Systems and Societies, Psychology, Maths e Visual Arts (que, se feita em HL - Higher Level, é a matéria mais difícil do IB, pelo menos é o que dizem. Só sei que todos saíram da sala com medo da matéria!). No jantar, tive reunião de sul-americanos para planejarmos a semana temática. Em seguida, rolou mais uma atividade e uma fogueira. Fiquei ouvindo música com a Bella (Irlanda) por um tempinho e agora estou aqui escrevendo.  
Amanhã vão rolar os placement tests, ou seja, provas para saber em que nível de English, Spanish, Maths e Arts estamos. Sinto que vou razoável nas línguas, mandar bem mal em Maths já que não brinco de contar fazem 2 meses e Arts é o mistério, tenho um pseudo-portfolio e um desenho feito as pressas, então, tá na mão do Juan Pa (professor de Artes).
A comida da cafeteria é bem boa, diferente do que eu achei que seria. As tias e os tios (como chamamos os funcionários aqui) fazem um ótimo trabalho. O campus é maravilhoso. As residências são iguais fisicamente, variam na decoração. É um tanto quando fácil se perder no campus porque as coisas são muito parecidas e interligadas por esses caminhos cobertos que são MUITO parecidos. Depois de dois dias já consigo me localizar e não me perco, o que é ótimo! Já vi um guaxinim e duas iguanas. Por enquanto quero fazer Self-taught SL, English B HL, Psychology HL, E. Systems and Societies SL, Mathematics SL e Visual Arts HL.
Me sinto muito bem aqui. Parece certo. O ambiente tem um astral legal. Estou só um pouco homesick. Uma sensação coletiva rola fortemente aqui. Os seconds morrem de saudade dos seus seconds (meus thirds). Os firsties se sentem deslocados, sem um grupo de amigos e meio sem rumo, mas isso é normal visto que todos nós estamos em uma nova situação.

Esse post é bem descritivo e pouco pessoal e sentimental, porque vários seconds disseram para escrever sobre a Intro Week para não esquecer, já que é tanta coisa em pouco tempo.

Estou vivo e MUITO feliz! Pura Vida!

Algumas fotos:
Caminhos cobertos que estão por todo campus

Montezuma Party

História verídica


Meu quarto (minha cama/prateleira é a do meio) 
Bella (Irlanda), eu e Vit (Brasil)

domingo, 18 de agosto de 2013

40.000 pés

Haviam se passado 2 horas desde que decolamos. Resolvi dormir. Acordei depois de 20 minutos com uma co-ano de pé no corredor, revirando o compartimento de bagagem de mão: “Onde ta minha pasta?” “Pra que?” “Vou ler minhas cartas”. Levantei, ajudei-a a pegar a pasta (que se encontrava abaixo de 20kg de bagagem de mão) e lembrei de que eu também tinha cartas para ler.
Não chorei durante as despedidas, mas, enquanto me encontrava entre uma carta e outra, chorei. Não de tristeza por estar deixando pessoas queridas para trás. Não de medo. Chorei de felicidade. Cada palavra, por mais simples que seja, tinha sua perfeita localização em um texto cuja força poderia mover montanhas. Tudo estava escrito do jeito que deveria ser escrito. Os sentimentos eram os certos. Isso tudo parece certo. Confesso que meu grande momento de desabe foi quando percebi que em uma grande parte das cartas estava a frase: “Tenho muito orgulho de você”. Nada poderia me fazer mais feliz do que provocar esse sentimento em meus amigos. O grande orgulho que sinto é por aquelas pessoas. Leio a última carta. Termina com “You’re my person”. Choro. Felicidade não descreve o que sentia. Era um sentimento novo. Cujo nome nunca vou descobrir. Não sei nem se vou sentir novamente. É como a bebida púrpura. Só pode provar uma vez. A unicidade desse sentimento é o que o torna tão belo.
Me encontro sobrevoando algum lugar entre o Mato Grosso e Rondonia e restam 2:48 horas de vôo até Bogotá. Estou ouvindo o álbum do The Lumineers naTVzinha do assento. Na minha esquerda há uma pessoa maravilhosa, uma pessoa que brilha mais que a luz de leitura do avião (acredite, a luz é MUITO forte). Uma pessoa que tenho a sorte de ter ao meu lado por 2 anos. Na minha direita, tenho o céu. Não existem luzes lá no chão. É como se o céu e o chão tivessem trocado de lugar. As estrelas brilham como verdadeiras cidades. O vermelho da asa do avião se distingue da imensidão preta. Porém o destaque prevalece com as estrelas. Talvez seja o momento. Talvez sejam as estrelas mesmo. Mas brilham diferentemente. Estar 40.000 pés de altura as deixa no horizonte. E que belo horizonte.Em uma das minhas observações, me deparo com a três marias. Lembro de duas pessoas especiais. Sorrio. Termino meu texto. Resolvo dormir. 

sábado, 17 de agosto de 2013

Nóis que voa

Eu e Vit no aeroporto :)

Sente-se

13 meses. Esse é o tempo que separa quando conheci o UWC e minha ida ao colégio. Seria díficil, até mesmo impossível, imaginar onde e como estou agora. Não sou o mesmo Pietro. Ou melhor, sou. Não melhor. Nem pior. A essência prevalece. A constância da metamorfose é a chave do indivíduo.
22 horas. Esse é o tempo que separa o momento que escrevo esse post do momento em que estou no avião indo para o colégio. O Pietro de agora sente saudades. Saudades dos amigos que viu há 3 horas. Saudades da família que vai ver daqui há 6 horas. Mas acima de tudo, sente vontade. Vontade de ir agora. Vontade de pular. Entrar de peito e cabeça aberta no mundo fantasioso de 13 meses atrás. Sente-se também sortudo. De ter uma co-ano a qual possui um carinho enorme. De ter mais seis co-anos incríveis que pode contar sempre com e também pode ser contado. De ter dois segundos anos extremamente atenciosos e carinhosos, verdadeiros pais. Ter também terceiros e segundos ano que carregam parte do meu coração e mente com eles sempre. Sortudo por fazer parte de uma nova família. Sortudo por fazer parte da mesma família há 16 anos, a quem deve tudo que sabe. Sortudo por ter selecionadores fenomenais a quem deve a vida por receber essa oportunidade. Sente-se feliz. Ansioso. Aterrorizado. Corajoso. Sente-se metamórfico. Sente-se tudo. Sente-se nada. Carregando uma moeda furada ao redor do pescoço e junto ao peito, sente-se protegido.
O Pietro de 22 horas depois. Não sente. Não é. Vai ser. Será. Será?



So show me family
All the blood that I will bleed
I don't know where I belong
I don't know where I went wrong

terça-feira, 13 de agosto de 2013

"Me sacode às seis horas da manhã"

Brigadeiro do Nonna
Açaí
Contar os minutos pro fim da aula do Lizânias
Segunda do strogonoff
Terça da parmegiana
Quarta da feijoada
Quinta do frango à milanesa
Os 10 minutos de intervalo
847P-10
15:15
Frente e verso. Arial 12. Justificado. Espaçamento 1,5.
Entrar todo dia com o pé direito
Roubarem meu lanche
O rodízio
"Tamo aqui" da Pins
"Amanhã sou eu?"
Brigar com a minha irmã pra ver quem atende o telefone
Esquecer de dar comida pro peixe
Reiniciar o roteador
O barulho do carregador do celular
As minas de TPM coletiva
Sushi latindo paras cachorros que passam na frente de casa
Juca fazendo barrigão
Shime chorando
Minha rua
Ver a casa da Lara da minha janela
Minha parede azul
A bandeirinha da Dinamarca
Piadas do Waguinho
A inflação atingindo o Bola semestralmente
Armário 53A
Os dois minutos de mistério que antecedem descobrir em que sala a Lauren está

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

"Buquês são flores mortas num lindo arranjo, arranjo feito pra você"

Assim como nos últimos cinco dias, peguei o metrô na Vila Madalena em direção à estação Brigadeiro. Como sempre, estava atrasado. Entrei no vagão. Sentei. Abri meu livro e comecei a ler. Chegando na estação Trianon-Masp, o fluxo usual de pessoas entrou e saiu do vagão. Uma mulher de preto sentou ao meu lado. Tirou o celular do bolso e ligou para alguém. Continuei lendo: "só mais um parágrafo, na próxima estação tenho que descer". Então percebi que a mulher que sentou ao meu lado estava chorando. Diversos olhares curiosos olhavam para ela. Levantei e fui em direção a porta. Foi então que ouvi a mulher dizer à sua irmã que sua mãe havia morrido. Nesse instante cheguei na estação. Desci do trem. No pequeno intervalo de tempo entre o vagão e a escada rolante, virei o rosto e vi uma outra mulher, que não conhecia a que chorava, abraçando-a.
Subi as escadas com milhares de pensamentos martelando minha cabeça. Cheguei a conclusão que talvez Criolo estivesse errado, de fato existe amor em SP. Afinal, aquilo nada mais foi que uma bela demonstração de amor ao próximo. Ainda mais em um lugar tão caótico e apressado quando o metrô. Deixei escapar um sorriso de canto.
Andando pela Paulista em direção à Treze de Maio, vi um morador de rua deitado ao lado de um ponto de ônibus, dentre as 20 pessoas que esperavam lá, nenhuma aparentava estar ciente da presença do homem. Era como se ele fosse um panfleto amassado. Uma bituca de cigarro. O homem havia virado parte da calçada. Uma normalidade em meio ao caos da avenida. Perdi o sorriso. E cada dia mais, concordo com Criolo. Não existe amor em SP.