domingo, 29 de dezembro de 2013

But I don't wanna go, but it's time to leave

         O campus está silencioso, assim como eu. Lentamente o português foge da ponta da língua e aglutina-se no fundo da garganta. Algo parece diferente. Talvez seja a nova disposição dos móveis do quarto ou talvez seja o fato de que metade da luzes de natal queimaram. Talvez o que mudou fui eu. Estar no UWC deixou de ser o sonho e agora é uma realidade tão concreta quanto o fogo no isqueiro entre meus dedos. Todo o entusiasmo inicial aparenta estar escondido em algum lugar dentro de mim ou espalhado em cada uma das pessoas que foram pra suas hmm... casas? lares? países?
        Geralmente antes de deitar a cabeça no travesseiro, fico imaginando como vai ser sair de um campus vazio e voltar com ele cheio. Como vai ser encontrar novamente todo mundo? Será que voltar pra casa afetou eles tanto quanto ficar no campus me afetou? Me repreendo ao afirmar que estou overthinking toda a situação e me contento com uma noite de sono. Ainda somos nós. Ainda. Numa visão geral, acho que minha reflexão (ugh) durante o break foi benéfica. Talvez não havia tanto assim pra pensar e as respostas fossem simples e estiveram lá todo tempo. Me encontro com a tendência de complicar demais tudo o que está acontecendo por aqui numa tentativa um tanto quanto falha de processar a avalanche de informação e coisas acontecendo aqui. 
         Enquanto eu estiver na service week vai sair a lista dos convocados pra segunda fase do processo seletivo do UWC Brasil. Me dei conta que não estou pronto para primeiros anos. Em menos de cinco meses eu já vou estar de volta e será o fim da experiência dos segundos anos no colégio e o início fora dele. Possivelmente essa é a hora que eu começo a perceber que existe tanta gente incrível no colégio que eu não conheci e seja a hora de conhecer. Aliás, isso é uma das coisas que devo muito ao December break, a chance de conhecer pessoas maravilhosas que, há um mês, eram quase que estranhas.
          Esse é meu último post de 2013. Um ano um tanto quanto bom. Cheio de oportunidades e aprendizados. Que 2014 seja ainda melhor. (melhor parar porque isso já tá virando mensagem de final de ano da Globo).

        Fico ouvindo The Lumineers e pensando em tudo que a gente poderia ter sido. Ouço Disclosure e penso em tudo que a gente poderá ser. 



sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Weep little lion man, you're not as brave as you were on the start

     Começou na quinta-feira, quando, as 23:30, fui raptado por um dinamarquês, uma indiana e dois brasileiros. O que parece tão estranho e digno de começo de piada, aqui no UWCCR é só um de vários momentos e tradições. Descalço, vendado e apanhando. Foi assim que me levaram pro Social Center pruma comemoração de aniversário, três dias antes da data de fato. No dia seguinte a Vitoria (Brasil) organizou um potluck dinner na Greenhouse à luz de velas e luzinhas de natal. Muito bolo, risadas e gente querida fez a noite uma das melhores que já tive aqui.
     Como toda sexta-feira, resolvemos ir até o Amigos. Acabou que, além de ser a última noite do semestre, também foi usada pra comemorar meu aniversário. Nunca vi aquele lugar tão cheio, nem mesmo na primeira noite do October Break. É engraçado ver que, quando não há ninguém do colégio, o bar nada mais é que um lugar super creepy cheio de ticos. Mas quando as pessoas do colégio estão, aquilo vira um outro lugar. Enfim, a noite estava boa até um ou outro acontecimentos um tanto quanto decepcionantes que me fizeram pensar. Voltei com Marcela (minha segundo ano) pro campus e, numa medida com o intuito de extravasar, fomos até o campo de frisbee (ou de futebol, como preferir) e tivemos um dos meus momentos favoritos no campus. A noite se arrastou numa mistura de felicidade, decepção, raiva e visão embaçada.
     Resolvi ir pra Flamingo #5 encontrar a Maia (Barbados), que iria embora em quatro horas. Deitei na cama da Valentina (Colômbia) e, entre a conversa com Maia e Kayleigh (Barbados), dormi. Acordei às 3:45 com a Maia com a mala fechada e dizendo que precisava ir pro estacionamento porque o ônibus saía em 15 minutos. Foi aí que me liguei que as pessoas começaram a ir embora. See you in a month. Happy holidays. Enjoy your break. Disfrute. Feliz navidad. Minha mama Latina, meu roommate, meus segundos anos. Estranho como cada ônibus era um pedaço de mim indo pra bem longe. Estranho como cada uma dessas pessoas já me conquistou de uma forma tão súbita e deliciosa. Estranho como esse lugar e essas pessoas me surpreendem cada vez mais.
     Dormi em El Coco #6 e, durante a noite, fui acordado algumas vezes com Happy birthday! Feliz cumpleaños!, confesso que, de sono, não lembro de todos. No ônibus das quatro, rolou um parabéns coletivo em Espanhol, Inglês e até mesmo Português. Resolvi que queria uma aniversário chill. Almoçamos no gramado, passei tempo com a Vitória e de noite, fui pro quarto da Oriana (Venezuela) com mais umas pessoas pra comer bolo e assistir filme. O que começou com uma sessão coletiva de "Meninas Malvadas" terminou com uma dance party surpresa com todas as músicas que, por tudo que passamos aqui, carregam um significado muito especial. Meu aniversário não podia ter terminado de melhor forma.
Potluck dinner
      Resolvi tirar Dezembro pra descansar e refletir. Tentar, ao menos, absorver tudo isso que passou e me preparar pro que ainda há de vir. Me encanta estar acá.

Krijstian (Macedônia), Vitoria, Mahmoud (Sudão), Hannah (Bolívia), Sheree (Kenya), eu, Oriana (Venezuela) e Indi (Costa Rica) na noite do meu aniversário