Assim como nos últimos cinco dias, peguei o metrô na Vila Madalena em direção à estação Brigadeiro. Como sempre, estava atrasado. Entrei no vagão. Sentei. Abri meu livro e comecei a ler. Chegando na estação Trianon-Masp, o fluxo usual de pessoas entrou e saiu do vagão. Uma mulher de preto sentou ao meu lado. Tirou o celular do bolso e ligou para alguém. Continuei lendo: "só mais um parágrafo, na próxima estação tenho que descer". Então percebi que a mulher que sentou ao meu lado estava chorando. Diversos olhares curiosos olhavam para ela. Levantei e fui em direção a porta. Foi então que ouvi a mulher dizer à sua irmã que sua mãe havia morrido. Nesse instante cheguei na estação. Desci do trem. No pequeno intervalo de tempo entre o vagão e a escada rolante, virei o rosto e vi uma outra mulher, que não conhecia a que chorava, abraçando-a.
Subi as escadas com milhares de pensamentos martelando minha cabeça. Cheguei a conclusão que talvez Criolo estivesse errado, de fato existe amor em SP. Afinal, aquilo nada mais foi que uma bela demonstração de amor ao próximo. Ainda mais em um lugar tão caótico e apressado quando o metrô. Deixei escapar um sorriso de canto.
Andando pela Paulista em direção à Treze de Maio, vi um morador de rua deitado ao lado de um ponto de ônibus, dentre as 20 pessoas que esperavam lá, nenhuma aparentava estar ciente da presença do homem. Era como se ele fosse um panfleto amassado. Uma bituca de cigarro. O homem havia virado parte da calçada. Uma normalidade em meio ao caos da avenida. Perdi o sorriso. E cada dia mais, concordo com Criolo. Não existe amor em SP.
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