terça-feira, 12 de novembro de 2013

Quedarme

"Acabou o primeiro trimestre". Foi assim que a ficha, que há meses não caia, caiu. Entre uma prova e outra deixava minha cabeça pesar no travesseiro e refletir sobre esses últimos dois (quase três) meses. Reflexão que durava dois minutos até lembrar de que tinha um trabalho ou lição de casa. Procrastinava um pouco com eles. Fazia o mesmo com meus pensamentos. "Daqui a pouco eu lido com eles". Clássica tendência minha. Arrumava a cama, o quarto e meu guarda-roupas. Abria as estúpidas cortinas verdes de Montezuma na procura de alguma luz. Só para ter meu colega de quarto reclamando que queria dormir e estava muito claro. Uma breve discussão sobre como ele troca o dia pela noite (que não leva a nada).
O dia-a-dia se mistura com rotina. E eu odeio rotina. Vou chegar na cafeteria 5 minutos antes das aulas começarem e insistir que dá tempo de esperar na fila pra pegar comida, fazer um chá e ir pra sala. O que geralmente resulta num Pietro discretamente correndo para a sala de aula. Vou me preocupar em acordar pra aula de Self-Taught. Sei que a resposta pra "Pollo o carne?" (Frango ou carne? em Espanhol) na voz da linda da Tia Rosi vai ser sempre pollo. Já odiar ir pro CAS. Planejar como eu vou matar Yoga e pensar o quão estúpido foi escolher um CAS de sexta-feira.
Uma tosse infernal. Uma alemã tipicamente mandona e controladora. Mil coisas pra planejar pro First Year Show. Um pequeno estresse acadêmico. Pequenas coisas começam a me irritar. Assim como pequenas coisas começam a me encantar cada vez mais. Uma recompensa acadêmica em forma de 35. Um abraço. Uma frase. Usar calça depois de meses sem. Faltar menos de um mês para eu ver a Sil. Entrar pro cast do musical. Estar aqui.
"Through chaos as it swirls", cada dia que passa o campus fica mais bonito. Culpa da chegada da "dry season". Culpa maior ainda das pessoas que aqui vivem. Dois intensos meses de vivência me fizeram perceber quanta beleza há dentro de certas pessoas (e quanta feiura dentro de outras). Poder andar pelo quadrado residencial e soltar um "Hey" para algumas pessoas que posso chamar de casa e outros "Hey" para rostos que, infelizmente, se tornaram paisagem faz parte da dança que virou meu dia-a-dia. Coreografada em certos aspectos, improvisada em outros. Dou meus passos, sinto o ritmo da música e aproveito. Já que, infelizmente, a música dessa dança só dura dois anos. Me conforto sabendo que essa é só a primeira de muitas danças.

- Te quedas aquí en el break?
- Afortunadamente, sí
- Afortunadamente?
- Por supuesto! No hay ningún lugar donde prefiero estar.



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