sexta-feira, 28 de junho de 2013

"Do livro" (parte 3)


CAPITULO 5:
Era isso. Tudo o que eu possivelmente poderia fazer estava feito. Tudo o que eu poderia fazer era esperar. Pareciam (e foram) anos. Não fiquei tão calmo quanto esperei ficar. Até que enfim, numa tarde de maio (got it, huh?), enquanto estava sozinho em casa, deitado na cama fazendo o exercício 63 a) do relatório de matrizes, o telefone tocou. Olhei o número. Prefixo de novo, mas, não! Não era telemarketing! Era o Rodrigo (aquele do capítulo 4) me ligando pra oferecer uma vaga no colégio da Costa Rica! EU? O QUE? SERIO? OBRIGADO! OBRIGADO! Tremia tanto. Liguei pra minha mãe, não atendeu. Liguei pra minha irmã. Contei a notícia pra minha familia! Só os vi no dia seguinte, mas ah!, tudo estava lindo. Na velocidade da luz (valeu, Facebook), chegou minha terceiro ano fofíssima! Logo em seguida, eles. Meus segundos anos maravilhosos, atenciosos, fofos e queridos,  André e Marcela! Logo nos falamos no skype e, aí sim, tudo começou a fazer sentido. Era meu sonho virando realidade! (Um destaque pro skype  maravilhoso que tive com minha indiana favorita!)
Nas curvas da vida, depois de fazermos a prova na mesma sala, entrevista em horarios grudados e irmos para o convivio juntos (entre outros encontros), eu e a menina da blusa azul iriamos para o mesmo colégio! Vit era minha coa!! Assim terminamos (ou começamos):



CAPITULO 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12....:
Era isso. Dezembro, Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio. Todo esse processo chegou ao fim. Mas não. Não é o fim! Tenho um começo gigante chegando logo logo, em 50 dias vou estar finalmente no meu colégio UWC. Não tenho expectativas. Quero chegar lá de cabeça e peito aberto. Minha tarde de maio acaba de começar.

(peço desculpas sinceras pela divisão cliche em capitulos, foi a maneira que achei pra me expressar/organizar, além disso o blog é meu!)
(ficam aqui os devidos créditos ao Machado de Assis pelos títulos dos últimos posts)

sexta-feira, 21 de junho de 2013

"Do livro" (parte 2)

CAPÍTULO 3:
(acabei de ter um deja-vu escrevendo esse post, achei pertinente contar) Durante a espera pela entrevista comecei a falar mais com a japonesa, coloquemos pingos nos is, Kuro. Falavamos 4 horas seguidas sem perceber o tempo passando. Um dia ela me colocou num chat com uma galera que também tinha passado pra entrevista. Me senti um forasteiro, mas, no jeito Pietro, fui me entrosando. Poderia falar horas e horas das coisas sem noção que falávamos, dos debates, mas quem estava lá, sabe. (sdds patricks). Novamente, sem saber, estavam lá pessoas extremamente especiais (incluindo 4 co-anos).
Pra minha surpresa, a menina de blusa azul também estava lá! Ficamos amigos de cara. 80% do que gastei com SMS foi com a santa blusa azul.
Enfim, chegou a entrevista. Demorei um pouco pra dormir. A mesma Mostariana (?, novamente) me manda uma mensagem na noite anterior. Me tranquilizei. Acordei, tomei outro café-da-manhã meia boca. Sai meio atrasado. Desde que acordei fiquei trocando SMS com a coisa da blusa azul. Ela tinha a entrevista logo após a minha. Cheguei no local da prova. Encontrei minha amiga azul, que, por acaso, havia pego o endereço errado. Tocamos a campainha. Nada. Por fim, chegaram os entrevistadores e uma ex-aluna (a quem devo MUITOS obrigados, visto que conseguiu tranquilizar minha mãe). Entrei. Fiz a entrevista. Saí. Achei que tive um desempenho mediano.
Aí sim a espera me matou. O cronograma havia sido alterado e a data dos resultados da entrevista estava meio indefinida. Pedi o iPhone da Nena (sim, Neu, seu cabelo ta bonito) trocentas vezes pra entrar no site e ver se já tinha saído a lista. Nada. Um dia, estava tranquilo em casa. Toca o telefone. Prefixo, ugh, jurava que era telemarketing. Não. Era minha entrevistadora. Eu havia passado pro convívio. EU? O QUE? SÉRIO? OBRIGADO! OBRIGADO! Voei pro quarto da minha irmã. Pulei nela. Pulamos juntos. Aí sim, tudo estava ficando concreto.
Saiu, enfim, a lista. Pessoas queridissimas (incluindo a de blusa azul) haviam passado! No entanto, outras igualmente queridas, não.

CAPÍTULO 4:
E lá estava eu. Selecionado para ir para "O" convivio. Misterioso. Secreto. Intenso (argh, como odiava essa definição dele). Fizemos um grupo e um chat com os selecionados. Sem sombra de dúvidas eram pessoas incríveis. Passou o tempo. Chegou o esperado dia! Justamente no aniversário de 18 da minha irmã (e aniversário de uma co-ano indiana queridíssima!). O encontro era, novamente, no Santa Cruz. Como sempre, trocava SMS com a menina da blusa azul. Descobri, então, que ela havia ido pro METRO SANTA CRUZ, porque, segundo ela, fazia todo sentido que o colégio ficasse perto do metro. Não fica. Mandei ela ir até a estação Vila Madalena que buscava ela lá e iriamos juntos. Chegamos um pouco atrasados, mas chegamos! Foi surreal! Ver pessoas conhecidas pela internet ao vivo! Me senti tão bem!
Tivemos uma palestra com o Rodrigo, diretor financeiro do UWC (novamente, mal sabia eu..) que era mais voltada para os pais. Por mais que queira, não posso falar nada desse fim de semana delicioso e... intenso. Só digo que o convivio em si já vale MUITO a pena! Daria tudo por aquele fim de semana de novo! Ilê ayê.
Fica aqui meu sincero obrigado para Bianca (ridícula), Fabio, Kuro, Ju, Lanna, Let, Lou, Noleto, Mariah, Nina, Vini, Vit, Tati e Wes por tudo. Vocês são especiais!


quinta-feira, 20 de junho de 2013

"Do livro" (parte 1)

(Dividi esse post, pois estava MUITO grande)

PRÓLOGO:
Nasci em 1996, dia 8 de Dezembro pra ser mais exato. São Paulo, capital. Filho de um administrador de empresa e uma estatística, Hugo e Sandra. Tenho uma irmã mais velha, Manuela. 
Louco por Biologia, ainda mais louco por Psicologia, já que nem tudo é explicado por fatos concretos. 
Artista por vontade, na busca de talento. Falo demais, me calo de menos. 
Fiz circo, me apaixonei. Fiz teatro, me apaixonei. Posso dizer que sou de muitas paixões. Não me orgulho de todas. Não escondo nenhuma.
Não sei se vou de calça ou shorts.
Danço sozinho. Falo sozinho. 
Odeio rotina. 
Odeio café-da-manhã. Amo café-da-manhã.
Filósofo do bom humor. Feminista. Leitor. 
Sou abstrato, sou quadrado.
Feliz. 
Alto.

CAPITULO 1:
Um balãozinho vermelho pulou na tela do computador: "Sofia Pontes Moreira te marcou em uma publicação". Tá, ok, daora. Cliquei. Um negócio estranho. Um tal de UWC. Nossa, legal! Um colégio internacional! Parece irado! Nossa, incrível! Caralho, que foda! Nossa, vou muito me inscrever! (mal sabia eu no que estava me metendo). Imprimi o cronograma do processo seletivo 2013-2015. Coloquei no meu mural.
Passaram uns meses, abriram as inscrições. Uma mãe relutante com milhares de dúvidas. "Mãaaaae, cê ja entrou no site pra ver? Daqui a pouco acabam as inscrições!". Pronunciei isso dezenas de vezes. No final das contas, ela viu. Me inscrevi. Um application escrito  às pressas. Enviei. 

CAPÍTULO 2:
Saiu a lista com todos os candidatos. Nóia que sou, contei a quantidade de candidatos. Não lembro quantos, exatamente. Éramos 200, 210. Uma certa Mostariana (?) me mandou uma mensagem: EI! adorei ver seu nome na lista de inscritos pro UWC Boa sorte, Pietro! Calhou que a prova do processo seletivo caiu bem no meu aniversário. Sábado. Dormi tranquilamente na noite anteiror, acho... 
Acordei, tomei um café-da-manhã meia boca (como sempre). Fui trocando SMS com a Mari (minha amiga do CISV) até chegar no Santa Cruz. Encontrei ela com uns amigos, todos extremamente simpáticos. Folheamos o guia de atualidades da Abril até que começaram a falar. Subimos para as salas de prova. A Mari estava na minha, o que me tranquilizou bastante visto que estava cercado de rostos estranhos. Fiz a prova. Fui almoçar em casa. Voltei pro colégio pra fazer a redação. Encontrei novamente a Mari, ficamos conversando. Vi um grupo de pessoas de rostos familiares chegando, no meio delas tinha uma certa japonesa que, mal sabia eu, viraria uma das pessoas mais especiais pra mim. Subimos. Havia estudado os dois temas no colégio. Escolhi o que havia me torturado por dois trimestres. Meu carrasco foi meu herói. Entreguei a redação, passei por rostos desconhecidos; um em especial, vestido com uma blusa azul. Saí da sala sem expectativa nenhuma. Nunca consigo estimar meu desmpenho. Fiquei conversando do lado de fora com candidatos e ex-alunos. Ri bastante. Descobri bem depois que, desses ex-alunos, uma era minha entrevistadora e dois eram meus selecionadores de convívio. 
O resultado só iria sair dois meses depois. Numa noite, estava sozinho em casa, caindo de sono. Resolvi descer o feed de noticias do Facebook uma última vez. Vejo na página do UWC Brasil que o resultado tinha saído antes. Cliquei no link. Desci tudo. Lá estava meu nome. "Pietro Tardelli Canedo - São Paulo". Não acreditei. Saí correndo pela casa! Mandei milhões de mensagens para a tal japonesa, a única além da Mari que eu "falei". Ela também havia passado! Tudo começou a ficar real. 

"Do título"

"Como esses primitivos que carregam por toda parte o
maxilar inferior de seus mortos,
assim te levo comigo, tarde de maio,
quando, ao rubor dos incêndios que consumiam a terra,
outra chama, não perceptível, tão mais devastadora,
surdamente lavrava sob meus traços cômicos,
e uma a uma, disjecta membra, deixava ainda palpitantes
e condenadas, no solo ardente, porções de minh’alma
nunca antes nem nunca mais aferidas em sua nobreza
sem fruto.
Mas os primitivos imploram à relíquia saúde e chuva,
colheita, fim do inimigo, não sei que portentos.
Eu nada te peço a ti, tarde de maio,
senão que continues, no tempo e fora dele, irreversível,
sinal de derrota que se vai consumindo a ponto de
converter-se em sinal de beleza no rosto de alguém
que, precisamente, volve o rosto e passa...
Outono é a estação em que ocorrem tais crises,
e em maio, tantas vezes, morremos.
Para renascer, eu sei, numa fictícia primavera,
já então espectrais sob o aveludado da casca,
trazendo na sombra a aderência das resinas fúnebres
com que nos ungiram, e nas vestes a poeira do carro
fúnebre, tarde de maio, em que desaparecemos,
sem que ninguém, o amor inclusive, pusesse reparo.
E os que o vissem não saberiam dizer: se era um préstito
lutuoso, arrastado, poeirento, ou um desfile carnavalesco.
Nem houve testemunha.
Nunca há testemunhas. Há desatentos. Curiosos, muitos.
Quem reconhece o drama, quando se precipita, sem máscara?
Se morro de amor, todos o ignoram
e negam. O próprio amor se desconhece e maltrata.
O próprio amor se esconde, ao jeito dos bichos caçados;
não está certo de ser amor, há tanto lavou a memória
das impurezas de barro e folha em que repousava. E resta,
perdida no ar, por que melhor se conserve,
uma particular tristeza, a imprimir seu selo nas nuvens."
- CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, "Tarde de Maio"



Em uma tarde de Maio começou. Em uma tarde de Maio vai terminar